Capitulo VI – Brian – Encontro


Cheguei atrasado ao primeiro dia de aula. Fui informado de que só poderia ir para minha sala de aula depois do intervalo. Minha turma seria a 2M5. A Inspetora de alunos me deixou aguardando nos bancos de madeira no corredor onde ficavam localizadas as salas dos professores e a diretoria, mais ao fundo encontravam-se as salas da Secretaria, Biblioteca, Teatro e Musica. Essa última me interessava muito.
 
Na primeira oportunidade que eu tive me dirigi até a sala de música, faltavam dez minutos para tocar o sinal do intervalo. Não estava preocupado por ter perdido as duas primeiras aulas, hoje era um dia apenas de apresentação dos professores, dificilmente iniciariam alguma matéria, e eu particularmente não pretendia ficar sentado no banco para todo mundo que subisse a escada me visse. 

Quando cheguei à sala de música a porta estava apenas encostada. Ao entrar pude perceber que a sala tinha um tamanho considerável, havia instrumentos em cima do palco, bateria, guitarras e violão. Percebi também uns retornos que ficavam na ponta do palco e quatro grandes caixas amplificadoras que estavam posicionadas no entorno da sala. No palco também havia microfones e a frente centenas de cadeiras de plástico posicionadas. Quando tocou o sinal eu fechei a porta, e imediatamente percebi que a sala possuía um ótimo isolamento acústico. Poderia tocar violão até o fim do intervalo sem que ninguém me perturbasse.

Tocar violão para mim era uma forma eficaz de esquecer os problemas, quando ficava sozinho pensava em melodias que poderia criar e letras que poderia escrever. Mesmo que nunca eu tenha tido a pretensão de ser um compositor e dar algumas das minhas musicas para algum artista gravar. Nas letras que escrevia eu poderia descarregar todas as minhas frustrações.

Peguei o violão que estava no palco, era um violão Giannini GF1R Elétrico. Não era um dos melhores, mas para os padrões de uma sala de música de uma escola Estadual estava ótimo. A acústica da sala era perfeita, o som reverberava por todos os cantos. Fiquei tocando por uns dez minutos até que percebi uma presença, alguém me observava. Torcia para que não fosse alguma inspetora da escola, arrumar problemas no primeiro dia de aula causaria um transtorno enorme com meu tio.

Quando me virei para ver quem era, vi uma garota. Era loira de cabelos cumpridos, usava óculos e possuía olhos verdes que olhavam fixamente para mim. Era linda. Provavelmente estava me espionando por estar interessada.

-Quem é você? – Perguntei.

-Meu nome é Beatriz, comecei a estudar aqui hoje e você quem é? O que faz aqui? – Perguntou ela.
-Então... acho que você é muito enxerida em ficar bisbilhotando as pessoas escondida pelos cantos. – Respondi. 

-Eu escutei um som e vim ver quem era. Avisaram-me que a sala de música só vai começar a funcionar na semana que vem. Mas peço desculpas caso tenha incomodado. – Respondeu já me dando as costas para ir embora.

-Não calma, espera ai gatinha. Desculpe se pareci rude. Disse. Ela parou e olhou para mim.

-Tudo bem, eu que bisbilhotei onde não fui chamada. Você tem razão. Desculpe-me. – Respondeu.

- Eu posso desculpar você, basta sair comigo um dia desses. – Disse, enquanto pegava na sua mão.

-Não obrigada, dispenso. Tenho certeza que menina disposta a sair com você não vai faltar, além do mais, você não faz o meu tipo e detesto gente grossa. – Respondeu ela rispidamente e puxando a mão bruscamente saindo andando pelo corredor rumo ao pátio.

Fiquei sem entender, nunca ninguém me deu um fora e me tratou assim de forma tão fria. 

Mas aposto que era uma tática para se fazer de difícil. Eu não era homem de desistir fácil.

- Ei garoto, onde você estava? – Perguntou a inspetora de alunos. Tratei rapidamente em arrumar uma boa desculpa.

-Eu fui procurar o banheiro, mas não encontrei. - Uma boa desculpa já que eu era novo na escola, era natural não saber onde ficavam as coisas.

-Tudo bem, o banheiro fica no pátio. Aqui também tem banheiro ao lado da sala dos professores, mas é de uso exclusivo deles. – e continuou – Vamos, vá para sua sala de aula, o horário de intervalo já terminou.

Quando sai da área onde ficava a administração da escola eu parei em frente à porta que dava para o pátio. Conforme os alunos subiam a escada, todos me olhavam com um ar de curiosidade e certa novidade. Esperei que todos passassem e segui logo atrás. Queria chegar por ultimo na sala de aula e fazer uma grande entrada.

Quando cheguei todos ainda estavam se sentando, ao perceberem que estava na porta um silêncio invadiu o ambiente. Algumas meninas me olhavam com um ar de espanto e surpresa. Um dos rapazes veio falar comigo.

-E ai cara, seja bem vindo. Meu nome é Leonardo, mas pode me chamar de Leo. – informou apertando minha mão.

- Meu nome é Brian, valeu. – respondia apertando a mão dele.

Avistei uma carteira vazia no fim da sala na fileira que ficava ao lado da janela. Fui em direção a ela e sentei. O cara que me cumprimentou logo que cheguei à sala tratou logo de sentar em frente da minha carteira e começou a puxar assunto. Junto dele outros também vieram, deduzi que curiosos em saber quem eu era.

-Então Brian, de onde você é? – Perguntou ele.

-Sou de São Paulo, mudei para cá faz pouco tempo. – Respondi, com receio de que isso o encoraja-se a querer perguntar mais.

-Legal cara, mas o que te fez sair da terra da diversão e das mulheres gostosas para vir para a cidade de praias impróprias a maioria do ano? – Perguntou ele em um tom sarcástico.

-Eu vim ajudar meu tio por um tempo. – Decidi não iria dar mais detalhes. – Mas cara me desculpa eu não gosto de ficar falando muito da minha vida, não me leve a mal.

-Tudo bem cara relaxa, não está aqui quem perguntou. – Respondeu se afastando de onde estava sentado.
Senti que fui muito rude, não seria legal ficar isolado em um lugar que acabei de chegar.

Quando chegou a hora da saída eu chamei o Leonardo para deixar tudo em pratos limpos e amenizar a impressão que deixei.

- Leonardo pode vir aqui, por favor? – O chamei e todo mundo da sala olhou, curiosos com o que poderia querer com o cara.

-Então cara, quero pedir desculpas se pareci rude, a verdade é que não gosto muito de falar da minha vida particular. Mas quero ser seu amigo sim, vai ser legal. – continuei – Todos os amigos que tinha deixei em São Paulo. – Expliquei.

-Relaxa cara! Eu te entendo, não fiquei bolado não. – Disse apertando minha mão e dando um tapa nas minhas costas.

-Nós vamos nos divertir muito, amanha te apresento meu amigo Paulo. Ele não veio hoje, mas amanhã deve estar por ai. – Terminou.

Saí da sala, durante o trajeto eu vi a garota que tinha conversado na sala de musica, era o momento de eu usar minhas táticas para ter meu primeiro encontro nessa escola. Ela tinha se feito de difícil, mas dessa vez não escapava. Percebi que ela estava indo em direção ao corredor dos professores, tratei logo em segui-la. Tentei me manter afastado, ao observar percebi que ela entrou na biblioteca.
Eu me aproximei dela silenciosamente, ela estava distraída lendo um livro no corredor em frente à prateleira.

- Oi gatinha, me parece que iremos nos encontrar muitas vezes por essa escola, confesso que me deixa animado poder ver esse rosto lindo todos os dias. 

- Oi, você de novo? Acho que deixei claro que não existe nenhuma possibilidade de rolar algo romântico entre nós. – Respondeu ela rispidamente, mas eu percebi que sua respiração ficou ofegante, não conseguia me encarar, ela gostava de mim.
-E porque eu acho que você está mentindo? – questionei olhando para os olhos dela.

- Eu não estou mentindo é você que não se toca! – disse de forma ríspida. – me deixe em paz, licença que preciso ir. 

Eu bloqueei a passagem dela com o braço apoiado na prateleira de livros. Pude sentir sua respiração ficando cada vez mais ofegante. Olhei para ela, e me senti estranho, um nervosismo, meu coração acelerado, algo que nunca senti com mulher nenhuma. Ficamos imóveis olhando um para o outro, tive a impressão de o mundo ao nosso redor ter se silenciado, as vozes dos alunos nas mesas da biblioteca não existiam mais, e o tempo também se distanciou, parecia que estávamos suspensos ali parados nos encarando por horas.



Eu a beijei, ela se desvencilhou de mim e passou por debaixo do meu braço, eu fiquei imóvel sem entender o que era aquela sensação que tinha sentido, estava fora de cogitação eu estar nervoso. Eu sempre flertei com garotas e sempre tirei de letra, não seria diferente agora. Mas senti ao olhar nos olhos dela que já a conhecia há muito tempo, como poderia ser possível se eu nunca tinha encontrado com ela antes?
 


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OBSERVAÇÃO: Como ainda o livro está em processo de escrita, o texto acima pode ser alterado, sempre que isto acontecer deixarei sinalizado. O texto ainda não foi revisado por um profissional especializado, o que estou postando aqui é o manuscrito. Aceito sugestões e criticas, são muito bem vindas.
Os Capítulos serão postados Semanalmente, caso ocorra algum imprevisto eu aviso nos perfis oficiais.



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